O Manuel Cabrita (6º ano) e a Sofia Cruz e o Tomás Alvim (12º ano), depois de terem enviado o resumo e um poster, realizaram a sua apresentação. Acabaram por receber o prémio do melhor trabalho apresentado ao Congresso.
http://www.uc.pt/fctuc/dct/eventos/XIICJGeo
Link para o poster:
Link para o powerpoint:
Resumo enviado:
ALGARVE, DESTINO TURÍSTICO PRIVILEGIADO… ATÉ PARA OS
DINOSSÁURIOS!
Tomás Alvim; Manuel Cabrita; Sofia Cruz
Agrupamento de Escolas de Paço de Arcos – Grupo de Paleontologia (GP)
6ºA, 12ºA, 12ºC
Palavras-chave: Cretácico Inferior; Dinossáurios; Geoturismo; Icnojazidas; Praias da Salema e
da Santa.
“Os dinossáurios e os seus parentes podem ser considerados como os embaixadores da
ciência para o público em geral e, em especial, para o mais jovem” (Padian, K. 1992).
Há muito que os animais do passado exercem um grande fascínio na população, interesse que
pode ser direcionado para atrair os mais jovens para a ciência. Este poder de atração, exercido
especialmente pelos dinossáurios, tem sido canalizado para visitas a museus, exposições e
palestras. A partir da descoberta de vastas jazidas com pegadas, o interesse voltou-se para a
visita a estes icnótopos, onde podemos observar, contactar,- deslocarmo-nos lado a lado com
as pistas dessas míticas criaturas, obtendo umas visão desses animais enquanto seres
vivos. Estão neste caso as jazidas icnológicas do Monumento Natural das Pegadas de
Dinossáurios de Ourém/Torres Novas e o Parque Icnológico de Penha Garcia. Mas, o que dizer
quando podemos juntar no mesmo local a praia, o sol, um clima fantástico, uma água do mar
excelente, paisagens espetaculares e as pegadas de dinossáurios? O Algarve é um destino de
férias de parte da população portuguesa e de significativo número de estrangeiros. Modificando
a oferta turística, mostrando que algumas praias têm muito mais para oferecer – o património
geológico e paleontológico – podemos incrementar o geoturismo, que até pode representar
para as populações uma fonte económica suplementar. Nestas condições estão as icnojazidas
das praias da Salema e da Praia Santa, localizadas no Barlavento Algarvio, na freguesia de
Budens (Lagos). Com este trabalho pretendemos mostrar que estas jazidas apresentam um
interesse considerável do ponto de vista científico e que visitadas no seu contexto geológico
original, podem ser ferramentas importantes para a popularização da ciência e para
estimularem no público o interesse pela preservação do património paleontológico. Portugal é
um país rico em faunas mesozóicas, mas todos os vestígios de dinossáurios eram encontrados
nas sucessões rochosas sedimentares da orla Ocidental Meso-Cenozóica. Será que os
dinossáurios não gostavam das praias do Algarve? Depois de Terrinha, em 1992, e de Coke,
em 1995, terem descoberto ossos e pegadas tridátilas, respetivamente na praia de Porto de
Mós (Lagos) e na praia da Salema, atribuíveis a dinossáurios terópodes, as dúvidas
desapareceram – pelo menos durante os tempos iniciais do Cretácico inferior a região era
povoada por dinossáurios carnívoros (Santos et al. 2000). Mas faltavam as evidências dos
herbívoros, o “menu” destes predadores? Em 1996, colegas do GP foram sucessivamente
descobrindo novo material icnológico na praia da Salema, que incluiu as primeiras pegadas
atribuíveis a crocodilianos, e a primeira pista com afinidade iguanodontiana deixada por um
ornitópode herbívoro de dimensões razoáveis, descoberta em Portugal. E continuaram as
descobertas: dois outros níveis, na zona oriental da praia Santa - praia contígua à praia da
Salema - com pegadas de origem ornitópode, com exceção de uma pegada atribuível a um
grande terópode; para ocidente da praia Santa, e nos mesmos dois estratos, pegadas de
ornitópodes com morfologia distinta e de terópodes, e onde identificaram as primeiras pegadas
dos saurópodes cretácicos algarvios. Em Janeiro de 2017, descobrimos pegadas, com
provável origem iguanodontiana e sauropodiana. O grau de preservação destas amostras é
variável, do excelente ao sofrível, sempre como epirrelevos côncavos. Revelam autores
progredindo a velocidades distintas, e uma pista, com pegadas de 80 cm de comprimento,
pode representar um herbívoro do grupo dos hadrossaurídeos. Concluímos que estes
ambientes sedimentares confinados (lagunares ou na vizinhança da zona intertidal) (Santos et
al. 2013) eram frequentados por faunas muito diversificadas de vertebrados, sob climas
quentes e secos, quase sincrónicas, permitindo obter censos de predadores / presas, que
vamos atualizando. A partir deles obtemos censos de biomassa, úteis para inferirmos dados
sobre os estilos de vida dos vertebrados cretácicos, incluindo o seu estatuto metabólico. Estão
reunidas as condições para que o geoturismo nestas praias seja uma realidade, o que foi
comprovado quando os colegas do GP promoveram atividades de divulgação no âmbito do
Programa Geologia no Verão, sempre com enorme adesão.
Referências:
Padian, K. (1992). The dinosaur as a teaching vehicle. Journal of College Science Teaching, 21(3): 179-183.
Santos, V.F., Dantas, P., Moratalla, J.J., Terrinha, P., Coke, C., Agostinho, M. & Galopim de Carvalho, A.M., (2000).
Primeiros vestígios de dinossáurios na Orla Mesozóica Algarvia. In Diez, J.B., Balbino, A.C. (Eds), Libro de Resúmenes
del I Congreso Ibérico de Paleontologia / XVI Jornadas de la Sociedad Espanola de Paleontologia, Évora, Portugal, 12-
14 de outubro de 2000, - pp22-23.
Santos, V.F., Callapez, M.P. & Rodrigues, N.P.C. (2013). Dinosaur footprints from the Lower Cretaceous of the Algarve
Basin (Portugal): New data on the ornithopod palaecology and paleobiogeography of the Iberian Peninsula. Cretaceous
Research, 40,-;158–169
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