terça-feira, 15 de novembro de 2022

1º Prémio do Concurso Jovens Cientistas 2022

 Ao João Diogo, ao João Grenho e ao Rodrigo Vitorino (que iniciam os 9º e 10º anos na Escola Luís Freitas Branco) coube a tarefa de apresentarem o trabalho realizado durante dois anos pelos vários alunos Grupo de Paleontologia, que integra o Clube Ciência Viva do Agrupamento de Escolas de Paço de Arcos, na 16ª Mostra Nacional de Ciência.

Esta Mostra, que decorreu entre 8 e 10 de Setembro, na Alfandega do Porto, é a fase final do 30º Concurso Nacional de Jovens Cientistas, promovido pela Fundação da Juventude e pela Ciência Viva. Integrou 78 projetos, de 237 alunos dos ensinos secundário, profissional e universitário (incluindo 2 internacionais, de Espanha e do Brasil). A única exceção foram estes alunos do Grupo de Paleontologia, já que dois são ainda alunos do 3º ciclo e que assim eram os concorrentes mais novos de todo o Concurso.

Os trabalhos a concurso incluíam as áreas da Biologia, Ciências do Ambiente, Ciências Médicas, Ciências Sociais, Economia, Engenharias, Física, Informática / Ciências da Computação, Matemática, Química, Bioeconomia e, finalmente, Ciências da Terra, onde se incluía o seu trabalho “Pegadas de stegossáurios – o enigma!”.


Na sinopse do projeto que apresentaram à fase final - uma descrição simples e clara do trabalho para incluir na divulgação oficial da Mostra (máximo de 10 linhas), pode ler-se:

As pegadas fossilizadas fornecem informação sobre animais extintos que não pode ser procurada nos ossos e dentes. E um dos objetivos é o de tentar correlacionar icnitos e prováveis autores. Para os stegossáurios esse grau de incerteza é maior e os investigadores referem-se às suas pegadas como um "enigma". Em 2020 e 2021 deslocámo-nos à icnojazida do Bouro IV, descoberta por colegas do Grupo de Paleontologia da nossa escola e encontrámos novas pegadas. Este trabalho centra-se na descrição, análise e interpretação de duas pegadas tridáctilas. Demonstramos a sua origem stegossauriana e a sua referência a Stegopodus e a Deltapodus. Elaborámos uma escala numérica para classificar a fraca mesaxonia que as diagnostica. Pela primeira vez a nível mundial é assinalada a co-ocorrência de exemplares dos dois icnogéneros na mesma paleosuperfície. A pegada descoberta em 2021 constituí o primeiro exemplo de Stegopodus encontrado em Portugal e este morfotipo muito assimétrico é o segundo exemplo conhecido para a Europa”.


Apresentaram também um sumário (abstract) de uma página A4 com os aspetos mais relevantes do projecto:

Pegadas de stegossáurios - o enigma!

“As pegadas fossilizadas, como registo direto da atividade de seres vivos, fornecem informação sobre animais extintos que não pode ser procurada nos ossos e dentes, sobretudo quando estes são escassos ou inexistentes. A importância das pegadas como fonte de dados paleobiológicos e paleoecológicos é, portanto, insubstituível, mas a sua interpretação está sujeita a vários níveis de incerteza, incluindo a identificação dos autores. Um dos objetivos óbvios de qualquer icnologista é o de tentar correlacionar icnitos e prováveis autores - o "síndroma de Cinderela" (Lockley 2009). Especialmente para um grupo de dinossáurios, os stegossáurios, esse grau de incerteza é ainda maior e desde há muito que os investigadores se referem às suas pegadas e pistas como um "enigma" (Gierlinski e Sabath 2008).

Em 2020 e 2021 deslocámo-nos à jazida do Bouro IV, Salir do Porto, descoberta em 1997 por colegas do Grupo de Paleontologia da nossa escola, para “redescobrirmos” uma enorme pista de saurópode. Nessas saídas descobrimos novas pegadas. Este trabalho centra-se na descrição, análise e interpretação de dois contra-moldes tridáctilos que provavelmente representam a passagem de dois stegossáurios distintos, tentando ajudar a decifrar o tal enigma das suas pegadas.

Procedemos a uma revisão histórica dos eventuais tipos de pegadas de stegossáurios e avaliamos as diagnoses dos principais icnotaxa. Comparamos estas características com as dos nossos exemplares e com o registo icnológico conhecido para Portugal e global. Tentamos demonstrar a origem stegossauriana das duas pegadas e a sua referência a Stegopodus e a Deltapodus, para depois realizarmos algumas inferências de natureza paleobiológica. Como não existe uma classificação numérica para a fraca mesaxonia que caracteriza esta amostra, elaboramos uma escala que propomos seja utilizada para todas as pegadas tridáctilas e que passe a diagnosticar também as pegadas dos stegossáurios. Pela primeira vez a nível mundial é assinalada a co-ocorrência de exemplares dos dois icnogéneros na mesma paleosuperfície. A pegada descoberta em 2021 constituí o primeiro exemplo de Stegopodus encontrado em Portugal e este morfotipo muito assimétrico é o segundo exemplo conhecido para a Europa”.

Palavras chave: stegossáurios, pegadas de stegossáurios, Deltapodus, Stegopodus, mesaxonia


Apresentaram um Relatório escrito (“máximo de 10 páginas”) e Anexos com as seguintes informações: fotografias, gráficos e um powerpoint (esta sessão).

Ao nosso trabalho foi atribuído o 1º Prémio; e um prémio especial – Professor Coordenador do 1º Prémio; e fomos também premiados com a participação na MOSTRATEC (Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia) que vai decorrer em Novo Hamburgo, Brasil.


O Júri era composto por mais de 20 elementos (professores e investigadores), que avaliaram o nosso trabalho presencialmente.


Para ver o relatório vá a: https://www.slideshare.net/celestinocoutinho/pegadas-de-stegossaurios-o-enigma-relatrio