No IX Congresso Cientistas em Ação (Ciência Viva de
Estremos), 4 alunos do 6º ano
apresentaram um trabalho intitulado “Ser
ou não ser –impressão de cauda de dinossáurio” e receberam o prémio relativo ao
2º lugar.
Este trabalho surgiu depois de uma saída de campo às jazidas
de dinossáurios da baia dos lagosteiros e da pedra da mua (Cabo Espichel,
Sesimbra) e tenta explicar a origem de uma longa depressão alinhada com duas
pegadas de dinossáurio colocadas lado a lado.
Resumo
SER OU NÃO SER – IMPRESSÃO DE CAUDA DE DINOSSÁURIO
Afonso Melo, João Gonçalves, João Renato, Nuno Santos – 6º
ano
Grupo de Paleontologia – Agrupamento de Escolas de Paço de
Arcos
Os ossos dos dinossáurios assinalam a sua morte e as
transformações posteriores. Mas como é que eles viviam? Pegadas e outras
impressões do corpo constituem manifestações de vida, refletindo a anatomia em
acção. De fato, embora as partes duras nos digam muito sobre a estrutura
corporal dos dinossáurios e até a sua provável aparência, não fornecem
evidências tão concretas sobre os seus comportamentos. Assim, são os vários
tipos de icnofósseis que nos permitem interpretarmos comportamentos. A sua
caracterização, evidência de presença e/ou de ausência, são importantes para
aumentar os nossos conhecimentos. Entre eles, as impressões de caudas permitem
explicar comportamentos enquanto os animais progrediam e podem mesmo ser
utilizadas para fins de classificação. Em especial, impressões de caudas
associadas a marcas de agachamento – impressões de pés colocadas lado a lado,
dos ossos púbicos, algumas vezes até de mãos – e impressões longas de caudas
associadas a pegadas / pistas, podem ser utilizadas para determinarmos hábitos
locomotores e até inferirmos dados sobre a sua anatomia. Podem mesmo contribuir
para compreendermos melhor a evolução de alguns subgrupos de Dinosauria.
As primeiras reconstruções dos dinossáurios mostravam
animais arrastando passivamente as caudas quando progrediam em terra. A
ausência de impressões de caudas associadas com algumas pistas eram
interpretadas como resultado das caudas flutuarem em águas pouco profundas,
habitat supostamente preferido dos dinossáurios. Mas, de fato, os dinossáurios
não arrastavam normalmente as caudas. Já na década de 70 do século passado, com
base em evidências anatómicas e nos dados fornecidos pelas pistas fósseis,
conhecidas em número crescente, os investigadores tinham concluído que estes
répteis erguiam as caudas bem acima do solo. Mesmo sem algumas especializações
anatómicas – tendões da cauda ossificados, processos as vértebras caudais que
enrijeciam e reforçavam as caudas - a osteologia dos dinossáurios demonstra que
as caudas permaneciam erguidas.
Mesmo assim, existem alguns casos conhecidos de impressões
de caudas atribuídas a dinossáurios, embora em ínfima minoria. Entre eles, está
uma impressão descoberta em 1976 na jazida dos Lagosteiros, do Cretácico
inferior, e atribuída a um dinossáurio ornitópode que se teria parado (a única
conhecida para o nosso país). Embora a referência a esta eventual impressão
tenha sido muito resumida, nunca mais surgiu na literatura científica qualquer
dado adicional. Uma saída de campo a esta jazida permitiu-nos analisar mais em
pormenor a amostra e compará-la com outras conhecidas para várias jazidas a
nível mundial. Este estudo permitiu-nos tentar responder a algumas questões:
. são muitos os exemplos a nível mundial de impressões de
caudas de dinossáurios?
. estas marcas podem subdividir-se conforme o comportamento
dos seus autores?
. as impressões de caudas podem ser atribuídas a todos os
grupos de dinossáurios?
. podemos distinguir as impressões das caudas conforme o
grupo autor?
. quais as características típicas das impressões atribuídas
a caudas?
. que comportamentos podem ser inferidos a partir destas
amostras?
. podem ser estabelecidos alguns critérios para a definição
de “impressão de cauda”?
. estes critérios estarão presentes na impressão descoberta
na jazida dos Lagosteiros?
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