terça-feira, 30 de maio de 2017

Alunos do Grupo de Paleontologia recebem prémio do melhor trabalho no XII dos Jovens Geocientistas

Decorreu em 10 e 11 de Março na Universidade de Coimbra o XII Congresso dos Jovens Geocientistas, sobre o tema Geoturismo. Três colegas do Grupo de Paleontologia concorreram com o projeto “Algarve, destino turístico privilegiado… até para os dinossáurios”.

O Manuel Cabrita (6º ano) e a Sofia Cruz e o Tomás Alvim (12º ano), depois de terem enviado o resumo e um poster, realizaram a sua apresentação. Acabaram por receber o prémio do melhor trabalho apresentado ao Congresso.

http://www.uc.pt/fctuc/dct/eventos/XIICJGeo





Link para o poster:
Link para o powerpoint:


Resumo enviado: 
ALGARVE, DESTINO TURÍSTICO PRIVILEGIADO… ATÉ PARA OS DINOSSÁURIOS! 
Tomás Alvim; Manuel Cabrita; Sofia Cruz Agrupamento de Escolas de Paço de Arcos – Grupo de Paleontologia (GP) 6ºA, 12ºA, 12ºC 
Palavras-chave: Cretácico Inferior; Dinossáurios; Geoturismo; Icnojazidas; Praias da Salema e da Santa. 

“Os dinossáurios e os seus parentes podem ser considerados como os embaixadores da ciência para o público em geral e, em especial, para o mais jovem” (Padian, K. 1992). Há muito que os animais do passado exercem um grande fascínio na população, interesse que pode ser direcionado para atrair os mais jovens para a ciência. Este poder de atração, exercido especialmente pelos dinossáurios, tem sido canalizado para visitas a museus, exposições e palestras. A partir da descoberta de vastas jazidas com pegadas, o interesse voltou-se para a visita a estes icnótopos, onde podemos observar, contactar,- deslocarmo-nos lado a lado com as pistas dessas míticas criaturas, obtendo umas visão desses animais enquanto seres vivos. Estão neste caso as jazidas icnológicas do Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém/Torres Novas e o Parque Icnológico de Penha Garcia. Mas, o que dizer quando podemos juntar no mesmo local a praia, o sol, um clima fantástico, uma água do mar excelente, paisagens espetaculares e as pegadas de dinossáurios? O Algarve é um destino de férias de parte da população portuguesa e de significativo número de estrangeiros. Modificando a oferta turística, mostrando que algumas praias têm muito mais para oferecer – o património geológico e paleontológico – podemos incrementar o geoturismo, que até pode representar para as populações uma fonte económica suplementar. Nestas condições estão as icnojazidas das praias da Salema e da Praia Santa, localizadas no Barlavento Algarvio, na freguesia de Budens (Lagos). Com este trabalho pretendemos mostrar que estas jazidas apresentam um interesse considerável do ponto de vista científico e que visitadas no seu contexto geológico original, podem ser ferramentas importantes para a popularização da ciência e para estimularem no público o interesse pela preservação do património paleontológico. Portugal é um país rico em faunas mesozóicas, mas todos os vestígios de dinossáurios eram encontrados nas sucessões rochosas sedimentares da orla Ocidental Meso-Cenozóica. Será que os dinossáurios não gostavam das praias do Algarve? Depois de Terrinha, em 1992, e de Coke, em 1995, terem descoberto ossos e pegadas tridátilas, respetivamente na praia de Porto de Mós (Lagos) e na praia da Salema, atribuíveis a dinossáurios terópodes, as dúvidas desapareceram – pelo menos durante os tempos iniciais do Cretácico inferior a região era povoada por dinossáurios carnívoros (Santos et al. 2000). Mas faltavam as evidências dos herbívoros, o “menu” destes predadores? Em 1996, colegas do GP foram sucessivamente descobrindo novo material icnológico na praia da Salema, que incluiu as primeiras pegadas atribuíveis a crocodilianos, e a primeira pista com afinidade iguanodontiana deixada por um ornitópode herbívoro de dimensões razoáveis, descoberta em Portugal. E continuaram as descobertas: dois outros níveis, na zona oriental da praia Santa - praia contígua à praia da Salema - com pegadas de origem ornitópode, com exceção de uma pegada atribuível a um grande terópode; para ocidente da praia Santa, e nos mesmos dois estratos, pegadas de ornitópodes com morfologia distinta e de terópodes, e onde identificaram as primeiras pegadas dos saurópodes cretácicos algarvios. Em Janeiro de 2017, descobrimos pegadas, com provável origem iguanodontiana e sauropodiana. O grau de preservação destas amostras é variável, do excelente ao sofrível, sempre como epirrelevos côncavos. Revelam autores progredindo a velocidades distintas, e uma pista, com pegadas de 80 cm de comprimento, pode representar um herbívoro do grupo dos hadrossaurídeos. Concluímos que estes ambientes sedimentares confinados (lagunares ou na vizinhança da zona intertidal) (Santos et al. 2013) eram frequentados por faunas muito diversificadas de vertebrados, sob climas quentes e secos, quase sincrónicas, permitindo obter censos de predadores / presas, que vamos atualizando. A partir deles obtemos censos de biomassa, úteis para inferirmos dados sobre os estilos de vida dos vertebrados cretácicos, incluindo o seu estatuto metabólico. Estão reunidas as condições para que o geoturismo nestas praias seja uma realidade, o que foi comprovado quando os colegas do GP promoveram atividades de divulgação no âmbito do Programa Geologia no Verão, sempre com enorme adesão. 
Referências: Padian, K. (1992). The dinosaur as a teaching vehicle. Journal of College Science Teaching, 21(3): 179-183. Santos, V.F., Dantas, P., Moratalla, J.J., Terrinha, P., Coke, C., Agostinho, M. & Galopim de Carvalho, A.M., (2000). Primeiros vestígios de dinossáurios na Orla Mesozóica Algarvia. In Diez, J.B., Balbino, A.C. (Eds), Libro de Resúmenes del I Congreso Ibérico de Paleontologia / XVI Jornadas de la Sociedad Espanola de Paleontologia, Évora, Portugal, 12- 14 de outubro de 2000, - pp22-23. Santos, V.F., Callapez, M.P. & Rodrigues, N.P.C. (2013). Dinosaur footprints from the Lower Cretaceous of the Algarve Basin (Portugal): New data on the ornithopod palaecology and paleobiogeography of the Iberian Peninsula. Cretaceous Research, 40,-;158–169

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