quinta-feira, 22 de maio de 2014

SER OU NÃO SER –IMPRESSÃO DE CAUDA DE DINOSSÁURIO

No IX Congresso Cientistas em Ação (Ciência Viva de Estremos),  4 alunos do 6º ano apresentaram  um trabalho intitulado “Ser ou não ser –impressão de cauda de dinossáurio” e receberam o prémio relativo ao 2º lugar.




Este trabalho surgiu depois de uma saída de campo às jazidas de dinossáurios da baia dos lagosteiros e da pedra da mua (Cabo Espichel, Sesimbra) e tenta explicar a origem de uma longa depressão alinhada com duas pegadas de dinossáurio colocadas lado a lado.

Resumo
SER OU NÃO SER – IMPRESSÃO DE CAUDA DE DINOSSÁURIO
Afonso Melo, João Gonçalves, João Renato, Nuno Santos – 6º ano
Grupo de Paleontologia – Agrupamento de Escolas de Paço de Arcos
Os ossos dos dinossáurios assinalam a sua morte e as transformações posteriores. Mas como é que eles viviam? Pegadas e outras impressões do corpo constituem manifestações de vida, refletindo a anatomia em acção. De fato, embora as partes duras nos digam muito sobre a estrutura corporal dos dinossáurios e até a sua provável aparência, não fornecem evidências tão concretas sobre os seus comportamentos. Assim, são os vários tipos de icnofósseis que nos permitem interpretarmos comportamentos. A sua caracterização, evidência de presença e/ou de ausência, são importantes para aumentar os nossos conhecimentos. Entre eles, as impressões de caudas permitem explicar comportamentos enquanto os animais progrediam e podem mesmo ser utilizadas para fins de classificação. Em especial, impressões de caudas associadas a marcas de agachamento – impressões de pés colocadas lado a lado, dos ossos púbicos, algumas vezes até de mãos – e impressões longas de caudas associadas a pegadas / pistas, podem ser utilizadas para determinarmos hábitos locomotores e até inferirmos dados sobre a sua anatomia. Podem mesmo contribuir para compreendermos melhor a evolução de alguns subgrupos de Dinosauria.
As primeiras reconstruções dos dinossáurios mostravam animais arrastando passivamente as caudas quando progrediam em terra. A ausência de impressões de caudas associadas com algumas pistas eram interpretadas como resultado das caudas flutuarem em águas pouco profundas, habitat supostamente preferido dos dinossáurios. Mas, de fato, os dinossáurios não arrastavam normalmente as caudas. Já na década de 70 do século passado, com base em evidências anatómicas e nos dados fornecidos pelas pistas fósseis, conhecidas em número crescente, os investigadores tinham concluído que estes répteis erguiam as caudas bem acima do solo. Mesmo sem algumas especializações anatómicas – tendões da cauda ossificados, processos as vértebras caudais que enrijeciam e reforçavam as caudas - a osteologia dos dinossáurios demonstra que as caudas permaneciam erguidas.
Mesmo assim, existem alguns casos conhecidos de impressões de caudas atribuídas a dinossáurios, embora em ínfima minoria. Entre eles, está uma impressão descoberta em 1976 na jazida dos Lagosteiros, do Cretácico inferior, e atribuída a um dinossáurio ornitópode que se teria parado (a única conhecida para o nosso país). Embora a referência a esta eventual impressão tenha sido muito resumida, nunca mais surgiu na literatura científica qualquer dado adicional. Uma saída de campo a esta jazida permitiu-nos analisar mais em pormenor a amostra e compará-la com outras conhecidas para várias jazidas a nível mundial. Este estudo permitiu-nos tentar responder a algumas questões:
. são muitos os exemplos a nível mundial de impressões de caudas de dinossáurios?
. estas marcas podem subdividir-se conforme o comportamento dos seus autores?
. as impressões de caudas podem ser atribuídas a todos os grupos de dinossáurios?
. podemos distinguir as impressões das caudas conforme o grupo autor?
. quais as características típicas das impressões atribuídas a caudas?
. que comportamentos podem ser inferidos a partir destas amostras?
. podem ser estabelecidos alguns critérios para a definição de “impressão de cauda”?
. estes critérios estarão presentes na impressão descoberta na jazida dos Lagosteiros?



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